Take Back the Web
684 palavrasTalvez você já seja um usuário do Firefox, somos parte de uma minoria hoje na web, e pense que esse texto não seja para você. Provavelmente você esteja certo, mas gostaria de trazer aqui alguns pontos e pedir sua ajuda para tomarmos a web de volta antes que seja tarde demais.
E você que não usa o Firefox, fatalmente está utilizando alguma versão do Chromium (Chrome, Edge, Opera, Brave ou Vivaldi), há alguns anos isso não seria algo necessariamente ruim, mas hoje é péssimo para saúde e liberdade de uma Internet que respeita a privacidade e não seja controlada por corporações capitalistas, as tão chamadas Big Techs.
Nesse artigo eu vou trazer a importância de abandonar o Chrome, explicando motivações técnicas e praticas para fazê-lo. Em um proximo post vou demonstrar todas as vantagens do Firefox tanto para sua privacidade quanto na usabilidade e facilidades oferecidas pelo navegador.
O Google Chrome é um fork (software derivado) proprietário do navegador Chromium de “código aberto”, aspas aqui porque o Chromium tem uma licença que permite forks proprietários de código fechado (como por exemplo o próprio Chrome e o Microsoft Edge) e que não garantem os direitos dos usuários. Atualmente quem controla a maioria das alterações feitas no código e efetivamente dita a direção do desenvolvimento do Chromium é o Google. Isso é preocupante pois o Google apenas consolida seu monopólio no controle da internet com os navegadores Chromium.
Que monopólios de empresas privadas são ruins para os consumidores não é nenhuma novidade, o Google hoje é uma das maiores empresas do mundo e como toda corporação capitalista, exerce seu poder para atingir seus próprios objetivos ao invés do interesse publico. Sem competição o Google não teria razão nenhuma para manter o Chrome otimizado e trazendo funções que o usuário precisa, ou ainda pior, o que muito provavelmente ocorrerá será a implementação de ainda mais anti-features desrespeitando princípios básicos de privacidade do usuário (o que já ocorre hoje é apenas uma amostra do que poderia vir a acontecer caso esse cenário se torne real).
A web precisa continuar livre para poder evoluir de maneira benéfica para todos, e para isso acontecer dependemos de organismos independentes suportados por todos os navegadores. Quando web standards são debatidos e definidos o Google tem uma voz de ordens de magnitude maior do que todos os outros interessados.
O Google já controla muito do trafego na web com todos os seus serviços combinados. Além disso o Google sozinho controla aproximadamente 90% de toda tecnologia de navegadores. Tudo isso confere ao Google um controle desregulado, indisputado e exclusivo do futuro dos padrões da web.
Outro problema é a monocultura Chromium, caso esse monopólio se estabeleça. Assim como uma monocultura é péssima quando falamos de agricultura, ela também não é boa no mundo dos softwares, pois implica que as vulnerabilidades em um navegador são replicadas em todos os outros que usam a mesma tecnologia podendo ser ainda mais atraente para hackers. Em Março de 2022 foi revelado que isso já ocorreu com navegadores Chromium.
Sobre privacidade, não é novidade que o carro forte para geração de receita do Google são ads, em 2021 81% do lucro deles foi só com ads, e profiling para direcionar ads aos usuários, então nesse sentido o Google vem trabalhando forte para forçar mudanças que colaborem com seus objetivos de gerar cada vez mais receitas. Desde 2018 o Google anunciou o Manifesto V3, que entre outras coisas irá inviabilizar o bloqueio de ads por extensões, e a partir de junho de 2023 o suporte para o V2 acabará, logo, apenas o Firefox e Safari continuarão contando com extensões capazes de efetivamente bloquear propagandas.
Esqueci de falar mais sobre o Safari que hoje é praticamente o novo Internet Explorer, pelo menos uns 5 anos atrasado em relação aos outros navegadores. Então nem vou perder tempo com isso.
Para concluir se o Chrome continuar sem competição não haverá muito de uma web livre no futuro. Por isso faço o apelo para que você usuário de algum navegador Chromium considere experimentar o Firefox, e você usuário do Firefox, passe adiante essa mensagem.